Como é a Rotina do Médico que Trabalha no Departamento Médico de um Clube de Futebol?

O Papel do Médico do Esporte em um Clube de Futebol

O termo “Departamento Médico” está enraizado na cultura esportiva, mas é importante compreender que esse setor funciona de forma interdisciplinar, reunindo diversos profissionais com o objetivo comum de promover prevenção, tratamento e reabilitação para a performance esportiva.

Com a evolução da Medicina Esportiva como especialidade, surgiu um novo conceito de Departamento Médico. Até os anos 2000, a maioria dos médicos atuantes no futebol era especialista em Ortopedia. Hoje, o Médico do Esporte precisa dominar conhecimentos que vão de cardiologia e fisiologia do exercício à nutrição, psicologia, biomecânica e ciência do treinamento.

Esse conhecimento multidisciplinar permite ao Médico do Esporte dialogar com outros profissionais e tomar decisões assertivas quanto ao cuidado com os atletas. Por isso, muitos clubes já utilizam o termo “Departamento de Saúde” em vez de “Departamento Médico”.


1. Estrutura do Departamento Médico

A estrutura deve ser pensada como um espaço físico integrado, com:

  • Consultório médico e enfermaria;
  • Sala de fisioterapia e academia;
  • Sala de recovery e exames laboratoriais.

O departamento deve contar com:

  • Medicamentos para rotina e jogo;
  • Kits de sutura;
  • Equipamentos de imobilização e transporte;
  • Desfibrilador Externo Automático (DEA) sempre revisado.

A tecnologia é uma aliada no monitoramento e prevenção de lesões. O tripé prevenção, tratamento e reabilitação deve ser estruturado em sistemas integrados de dados.


2. Setores-Chave

2.1 Fisioterapia

Responsável por:

  • Prevenção, tratamento e reabilitação;
  • Trabalho de correção de gesto esportivo;
  • Atuar em sala, academia e campo.

Equipamentos comuns:

  • Eletrotermofototerapia: TENS, FES, laser, infravermelho;
  • Dispositivos de recovery: botas pneumáticas, massageadores, IASTM;
  • Aparelhos como isocinético e ondas de choque.

2.2 Fisiologia

Responsável por:

  • Avaliação da resposta orgânica ao treino;
  • Controle de carga e prevenção de lesões.

Tecnologias utilizadas:

  • GPS (Polar, Catapult);
  • Câmeras de termografia;
  • Avaliação de CK e PCR;
  • Plataformas de salto, fotocélulas e equipamentos de força.

3. Organização e Hierarquia

3.1 Estrutura Hierárquica

  • Coordenação geral com o médico-chefe;
  • Coordenadores de cada setor (fisioterapia, fisiologia etc.);
  • Modelo horizontal de comunicação direta entre todos.

3.2 Integração Interdisciplinar

Todos os profissionais devem ter acesso a informações e liberdade para propor condutas. Isso melhora a tomada de decisão e cria um ambiente harmônico.


4. Profissionais e Funções

  • Médico do Esporte: Diagnóstico, tratamento clínico e ortopédico, antidoping;
  • Fisioterapeuta: Movimento, reabilitação e recovery;
  • Nutricionista: Planejamento alimentar e suplementação;
  • Enfermeiro: Medicamentos, curativos e apoio geral;
  • Analista de desempenho: Dados de treinos e jogos;
  • Fisiologista: Questionários, GPS, termografia e marcadores;
  • Preparador físico: Condição atlética e prevenção;
  • Psicólogo: Apoio emocional e motivação;
  • Odontólogo: Saúde bucal e performance;
  • Assistente social/pedagogo: Apoio em categorias de base.

5. Vantagens e Desafios

Vantagens

  • Ambiente dinâmico e motivador;
  • Trabalho em equipe e contato com alta performance;
  • Reconhecimento profissional.

Desafios

  • Pressão por resultados;
  • Decisões complexas em períodos críticos;
  • Horários irregulares e disponibilidade constante;
  • Entrada na carreira ainda depende de networking ou processos seletivos.

Considerações Finais

Trabalhar no esporte de alto rendimento é um privilégio para quem ama desafios e busca evoluir diariamente. O Médico do Esporte, inserido nesse contexto, precisa ser versátil, técnico e humano, promovendo saúde, prevenção e desempenho com responsabilidade e paixão pelo que faz.