Lombalgia: Diagnóstico, Sinais de Alarme e Abordagem do Médico do Esporte

1. Introdução

A lombalgia é uma das queixas médicas mais frequentes, afetando 80% das pessoas ao longo da vida. É a principal causa de limitação laboral em indivíduos com menos de 45 anos. No esporte, sua prevalência varia de acordo com a modalidade, sendo mais comum em esportes com impacto repetitivo ou movimentos excessivos de flexão e rotação do tronco.

2. Anatomia da Coluna e Mecanismos da Lombalgia

A coluna vertebral é composta por vértebras separadas por discos intervertebrais, formados por um anel fibroso e um núcleo pulposo. A coluna se divide em cinco regiões:

  • Cervical (7 vértebras);
  • Torácica (12 vértebras);
  • Lombar (5 vértebras);
  • Sacro (5 vértebras fundidas);
  • Cóccix (4-5 vértebras fundidas).

A lombalgia pode ser causada por estiramento muscular, sobrecarga ou postura inadequada, além de doenças degenerativas como hérnia discal, espondilólise, espondilolistese e artrose.

3. Sinais de Alarme e Indicação de Exames de Imagem

Alguns fatores de risco exigem investigação adicional, como radiografia:

  • Idade > 50 anos;
  • Trauma de alta energia;
  • Déficit neuromuscular;
  • Perda de peso inexplicada;
  • Suspeita de Espondilite Anquilosante;
  • Uso de álcool ou drogas ilícitas;
  • Histórico de câncer;
  • Uso crônico de corticoides;
  • Febre (> 37,8°C).

4. Lombalgia no Esporte: Prevenção e Controle

No meio esportivo, a lombalgia está frequentemente associada a altas cargas de treinamento e descanso inadequado. A prevenção envolve:

  • Fortalecimento do core, reduzindo a sobrecarga na coluna lombar;
  • Biomecânica adequada, evitando técnicas erradas nos movimentos esportivos;
  • Exercícios proprioceptivos e de flexibilidade.

5. Agachamento e Lombalgia: Mito ou Realidade?

Antigamente, o agachamento era restrito para indivíduos com dor lombar. No entanto, evidências atuais mostram que o agachamento bem executado fortalece a musculatura da coluna e reduz a dor. A chave está na execução correta e supervisão de um profissional.

6. Tratamento Medicamentoso

O manejo farmacológico é escalonado conforme a intensidade da dor:

  • Primeira linha: Analgésicos + anti-inflamatórios não esteroidais + relaxantes musculares;
  • Casos refratários: Corticoides ou analgésicos opioides.

7. Exercício como Pilar Terapêutico

Independente do tratamento, o exercício é essencial para a reabilitação e prevenção de novas crises. O médico do esporte tem um papel fundamental na educação do atleta sobre a importância da atividade física no controle da lombalgia.

Referências

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